Começamos nossa viagem - eu e a Iris - no dia 20 de maio de 2010, o primeiro destino escolhido foi Berlin. Uma cidade que pra mim guarda muita historia e com isso aprendizado.
Chegamos exaustas na cidade, depois de dormir no aeroporto em Londres e pegar um aviao da Ryanair (a companhia mais barata da Europa) na madrugada fria britanica. Mesmo com o cansaço, minha vontade de começar essa viagem era enorme, eu sentia e queria andar pela cidade inteira, ver os predios, as ruas, as antigas fabricas, sentir o cheiro frio de uma manha alema misturada com as fragancias de um vendedor de cachorro-quente.
No primeiro dia saimos ainda meio sem rumo, desajeitadas, sonolentas e com pouca intimidade com os mapas (uma coisa que realmente tive que aprender nessa viagem - como entender um mapa!).
Andando pro lado errado, por ruas nada turisticas paralelas a uma avenida, vi o primeiro cachorro pastor Alemao legitimo da minha vida - e essa foi a primeira foto da viagem! Que esquisito, mas engraçado... Sabia que o meu olhar nessa viagem nao seria somento atraido por atraçoes turisticas, mas tambem por toda cultura e habitos das cidades que ainda conheceriamos...
Quando encontramos a direçao certa, chegamos finalmente na Alexander Platz, ou simplesmente a Praça de Alexandre, que ficava no centro da Berlin Oriental - aquela dominada pela antiga Uniao Sovietica e simpatizantes do socialismo. La voce pode encontrar uma antiga estaçao de trem e toda uma redondeza que ainda vive num sombra estranha, no passado... com ruas escuras dominadas por vendedores de kebab e adolescentes desocupados.
E do mesmo modo, se voce andar um pouco mais ate o outro lado do antigo muro, muito estranho encontrar predios comerciais gigantescos, lojas de eletronicos e toda uma moderna e capitalista Berlim, vendendo souvenirs como os pedaços de tijolos - feitos na China -, que sao jurados de serem remanescentes do Muro de Berlin.. voces acreditam? Ha..nem eu (ainda mais pelo preço de 25 euros o pedaço!)
Na mesma praça, uma torre enorme de televisao, com uma bola no alto, toma conta da vista, aonde quer que voce esteja em Berlin. Interessante, mas ainda so uma torre.
No segundo dia de viagem, um pouco mais descansadas, resolvemos respirar fundo e conhecer o primeiro campo de concentraçao nazista que ficava a 45 minutos de Berlin, o Sachsenhausen. A sensaçao foi bem estranha e pelas dimensoes fica quase impossivel de imaginar o tanto de pessoas que morreram ali, porem esse lugar parecia bastante com um museu dentro do campo de concentraçao, o que deixava as coisas um pouco menos aterrorizantes quanto foram. Particularmente, penso que esse campo nao se mostrou tao triste quanto imaginavamos, pois é uma versao contada por alemaes da historia, com certeza muito triste, mas nao tanto do que para aqueles que realmente sofreram a perseguiçao e o genocidio, como conferimos posteriormente na nossa visita a outro campo de concentraçao localizado na Polonia (essa historia eu conto mais pra frente) ...
Ainda no nosso dia de aprendizado, fomos tambem a um Museu Judaico, contando varias historias das ricas familias judaicas que existiam em Berlin antes da Guerra e de como eles dominavam os negocios e posiçoes superiores da sociedade como medicos, advogados, engenheiros...
Mais tarde no Museu Historico Alemao, conhecemos toda a historia do pais desde a antiguidade ate toda a historia do nazismo+comunismo+holocausto. Tantos fatos que aconteceram em tao pouco tempo, e que mudaram a historia do mundo inteiro. . .As peças aos poucos começam a se encaixar, como os motivos de um lider fanatico ter dirigido uma populaçao inteira contra o povo judeu, ou o que levou a Alemanha inteira a acreditar e dar suporte a esse lider, o quanto a uniao de um povo pode ser assustadora, tanto para o bem quanto para o mal...
Depois da 1º Guerra Mundial, a Alemanha que havia perdido a guerra entrou numa crise que devastou a populaçao inteira, as dividas de guerra fizeram o governo imprimir mais dinheiro do que poderia e causou uma inflaçao onde o paozinho custava 68 mil marcos alemaes, as fotos do desespero e desemprego mostra a face de um povo com medo... Um lider forte era tudo o que eles precisavam! E colocar a culpa em alguem, era tudo o que esse lider precisava!
Simples e matematico, e a equaçao de um holocausto estava feita! Hitler prometeu ao povo emprego e a reconstruçao do pais, e culpou os judeus de nao ajudarem na economia, pois estes possuiam muito dinheiro com seus altos cargos na sociedade, porem so utilizavam este dinheiro na propria comunidade judaica, de forma separatista.
A violencia usada e a devastaçao de um povo, nunca poderao ser explicadas... mas os motivos para a Alemanha ter aceitado e apoiado esse lider (pelo menos para mim) se tornaram muito mais claros. Penso que o mesmo, poderia ter acontecido em qualquer lugar que se encontrasse nas mesmas condiçoes..
Ainda em Berlin, fizemos um Free Walking Tour (ou passeio turistico gratis), o guia mostrou e contou varias coisas interessantes, como nao podia deixar de ser, numa cidade com tanta historia... e o que eu mais gostei, foi que ele traduzia alguns monumentos que estavam no incompreendido alemao para o nosso ingles bem mais compreensivel; o que mais gostei foi uma placa que se encontrava entre uma Universidade e uma Biblioteca, a placa fazia referencia ao lugar onde o nazistas queimaram milhares de livros da biblioteca, numa especia de praça da vergonha, a Bebelplatz. A placa no chao dizia, mais ou menos o seguinte: "Quando se começa a queimar livros, termina-se queimando pessoas." Alguem tem alguma duvida?!?!
Alem de toda historia do nazismo, ainda vimos o outro monstro que assombou os berlinenses que foi a divisao entre Comunismo e o Capitalismo, e todo o terror que esse Muro causou. Criando fronteiras reais e separando familias em busca de uma maneira de governar ideal, que somente se esqueceu de um fator, o governo existe para o povo, e nao o contrario.
Sobre Berlin, posso dizer que me senti surpreendida. Tanta historia que eu deveria saber, tanta coisa que serve de liçao para o futuro, tanta coisa que o mundo ainda precisa aprender!
A cidade ainda parece triste por algumas ruas e o patriotismo nao se mostra muito forte como em outras cidades da Europa, acho que apesar de tantos anos o povo ainda sente a vergonha de quem errou...Mas a superaçao e o crescimento desse povo que cresceu do po da Guerra, mostra o quanto eles sao forte e determinados, por isso tenho o orgulho de dizer: Eu estive em Berlin!!!
Tentando entender "o muro" - Grafiti em pedaços do muro que remanesceram pela cidade
Deste lado ele tenta gritar uma mensagem pra quem ficou do lado de la, linda estatua em Frente ao Portao de Brandeburgo
Em frente ao portao do campo de concentraçao, e a mentira na entrada: O Trabalho Liberta!
Praça AlexanderPlataz e a torre de televisao ao fundo - lado comunista, agora com McDonalds
Eu pra variar nao prestando atençao ou prestando atençao demais (em outras coisas)
Na ultima semana fui entretida e intrigada com uma programaçao bem diferente da que estava acostumada, meio sem querer e talvez por influencia da televisao comecei a assistir alguns programas na internet desse divertidissimo chef de cozinha, o Sr. Jamie Oliver!
